Já foi dito: "Não apagues a tua tocha, pois pode ser a luz que vai iluminar as gerações futuras."
Djelal eddin Rumi


quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

EU SOU UM MENTIROSO — Alberto Moravia

Quero deixar isto bastante claro: meus trabalhos não são autobiográficos, no significado habitual da palavra. Talvez eu possa pôr isto deste modo: tudo que é autobiográfico [em minha obra] é assim só de uma maneira muito indireta, de um modo muito geral. Eu não uso, e nunca usei, acontecimentos ou personagens diretamente da vida. Eventos podem sugerir eventos a serem usados mais tarde num trabalho; semelhantemente, pessoas podem sugerir personagens futuras; mas sugerir é a palavra a se lembrar. A gente escreve sobre o que a gente sabe. Sim, a gente usa o que a gente sabe, mas autobiografia significa qualquer outra coisa. Eu nunca seria capaz de escrever uma verdadeira autobiografia; eu sempre termino falsificando e ficcionando. Na verdade, eu sou um mentiroso. Isso significa que, no fim das contas, eu sou um romancista.
Em minha visão, a função de um escritor não é criticar, em caso algum; só criar personagens vivos. Só isso.

Paris Review
Alberto Moravia, A Arte de Ficção Nº 6, 1954
Entrevistado por Anna Maria de Dominicis e Ben Johnson

Nenhum comentário:

Postar um comentário