Quero deixar isto bastante claro:
meus trabalhos não são autobiográficos, no significado habitual da palavra.
Talvez eu possa pôr isto deste modo: tudo que é autobiográfico [em minha obra]
é assim só de uma maneira muito indireta, de um modo muito geral. Eu não uso, e
nunca usei, acontecimentos ou personagens diretamente da vida. Eventos podem
sugerir eventos a serem usados mais tarde num trabalho; semelhantemente,
pessoas podem sugerir personagens futuras; mas sugerir é a palavra a se
lembrar. A gente escreve sobre o que a gente sabe. Sim, a gente usa o que a
gente sabe, mas autobiografia significa qualquer outra coisa. Eu nunca seria
capaz de escrever uma verdadeira autobiografia; eu sempre termino falsificando
e ficcionando. Na verdade, eu sou um mentiroso.
Isso significa que, no fim das contas, eu sou um romancista.
Em minha visão, a função de um
escritor não é criticar, em caso algum; só criar
personagens vivos. Só isso.
Paris Review
Alberto Moravia, A Arte de Ficção
Nº 6, 1954
Entrevistado por Anna Maria de
Dominicis e Ben Johnson
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